SOLENIDADE DO CORPO E SANGUE DE CRISTO

03/06/2015 16:44

"CORPUS CHRISTI"

(Mc 14,12-16.22-26.)

Caros amigos,
Estamos celebrando nesta quinta-feira a festa do Santíssimo Sacramento, tradicionalmente conhecida como “Corpus Christi”. Esta celebração, nascida no século XIII, é um festivo desdobramento da Quinta-feira Santa, quando na Última Ceia, na véspera de sua morte, Jesus tomou o pão, abençoou-o e o partiu e o deu a seus discípulos, dizendo: Tomai e comei, isto é o meu corpo. Fazei isto em memória de mim. Da mesma forma, tomou o vinho e, dando graças, o distribuiu, dizendo: Tomai e bebei, este é o meu sangue, o sangue da aliança, que é derramado em favor de vós. Toda vez que dele beberdes, fazei-o em memória de mim (cf. 1Cor 10,23-27).

O trecho evangélico pode ser dividido em duas partes: os vv. 12-16 relatam os preparativos para a última ceia de Jesus. Nos vv. 22-26 é narrada a instituição da Eucaristia. E a Igreja, desde seus primeiros dias, celebra sempre esse mistério, com o nome de fração do pão, mais tarde missa e eucaristia, que deve ocupar um lugar central na vida da comunidade cristã; e como nos fala o próprio Concílio Vaticano II, a eucaristia é “fonte e ápice de toda a vida cristã” (LG 11).

Desde cedo aprendemos que a Eucaristia é o sacramento mais sublime. Cada comunhão tinha, e tem ainda, uma solenidade peculiar. E a Igreja faz do momento celebrativo da Eucaristia a oferta do único sacrifício de Jesus como “vítima de louvor” e, Nele e por Ele, oferece-se continuamente, com a vida dos fiéis (Hb 13,15).

Já nos primeiros séculos, os cristãos sabiam que a comunhão com o Deus Santo só era para quem estava preparado. Pode ser que houve exageros, reservando-se a eucaristia somente para os puros, no entanto, é bom reconhecer que naquele rigor existia uma convicção cristã bem autêntica. É o próprio São Paulo que, com um santo fervor, ameaça: “Quem come o pão e bebe o corpo do Senhor indignamente, será culpado no corpo e no sangue do Senhor. Examine-se, pois, cada um a si mesmo, antes de comer desse pão e beber desse cálice; porque quem come e bebe, come e bebe sua própria condenação, se não distingue o corpo (1Cor 11,27-29).

Assim, celebrando a Eucaristia, a Igreja faz o que Cristo fez: “anunciar sua morte” (1Cor 11,26). Muitos cristãos deveriam reaprender a comungar, porque, como nos fala São Paulo, “quem bebe e come da mesa do Senhor, tem parte nele” (1cor 10,20). E a Eucaristia é a Ceia do Senhor.

Corajosamente, questionemos o vigor de nossa Fé, que se apresenta desde o modo de manifestar nossa crença pela genuflexão, pelo silêncio respeitoso diante do Senhor, freqüência de nossas visitas ao Santíssimo, a preparação e a ação de graças após a Comunhão... Há todo um modo de ser e agir que se torna, por si, uma eloquente pregação de nossa fé eucarística.

A assídua e frutuosa participação na Eucaristia possa sempre mais nutrir a nossa fé, para reconhecermos o Cristo na eucaristia. Para cada um de nós, Corpus Christi é uma oportunidade de afervoramento de nossa devoção eucarística. É também um momento de reconhecermos a presença e a permanência de Jesus Cristo entre nós. E merece igualmente todo nosso respeito e adoração.

Como acontece todos os anos, no final da Santa Missa, é comum ocorrer a tradicional procissão eucarística quando, com orações e cantos, o Senhor Jesus é conduzido pelas ruas da cidade. Possamos dizer a Ele: permanece conosco, Jesus, concede a nós o dom de ti e nos dê o pão que nos alimenta para a vida eterna! Liberte a nossa cidade do veneno do mal, da violência e do ódio que polui as mentes, purifica-nos com a força do seu amor misericordioso. Que ele nos ajude a caminhar juntos rumo à meta do céu, alimentados pelo Corpo e Sangue de Cristo, pão da vida eterna e remédio da imortalidade divina. Amém.

DOM ANSELMO CHAGAS DE PAIVA, OSB
Monge Sacerdote Beneditino do Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro
Diretor Geral da Faculdade de São Bento do Rio de Janeiro


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